TÓPICO ESPECIAL: GÊNEROS E INTERPRETACÃO: NARRATIVA DO ANTIGO TESTAMENTO

I. DECLARAÇÕES DE ABERTURA

A. O relacionamento entre AT e outras maneiras da narração de eventos

1. Outra literatura do antigo Oriente Próximo é mitológica

a. politeísta (geralmente deuses humanistas refletindo os poderes da natureza mas usando motivos de conflito interpessoal)

b. Baseada nos ciclos da natureza (deus que morre e ressurge)

2. A greco-romana é para entretenimento e encorajamento em vez do registro de eventos históricos per si (Homero de muitas maneiras reflete motivos mesopotâmicos)

B. Possivelmente o uso de três termos alemães ilustra a diferença em tipos ou definições da história

1. "Historie", o registro de eventos (fatos sem enfeites)

2. "Geschichte", a interpretação de eventos mostrando sua significância à humanidade

3. "Heilsgeschichte" refere unicamente ao plano e atividade redentiva de Deus dentro do processo histórico

C. As narrativas do AT e NT são "Geschichte" que leva a uma compreensão de Heilgeschichte. São eventos históricos selecionados teologicamente orientandos

1. somente eventos selecionados

2. cronologia não tão significante quanto teologia

3. eventos compartilhados para revelar verdade

D. Narrativa é o gênero mais comum no AT. Estima-se que 40% do AT é narrativa. Portanto, esse gênero é útil para o Espírito ao comunicar a mensagem e caráter de Deus ao homem caído. Mas, é feita, não proposicionalmente (como as Epístolas do NT), mas por implicação, soma ou dialogo/monólogo selecionado. Você deve continuar a perguntar por que isso é registrado. O que está tentando enfatizar? Qual é o seu propósito teológico?

Isso de jeito nenhum pretende depreciar a história. Mas, é a história como o servo e canal da revelação.

II. Narrativas Bíblicas

A. Deus está ativo na Sua palavra. Os autores inspirados da Bíblia escolheram certos eventos para revelar a Deus. Deus é o personagem principal do AT.

B. Toda narrativa funciona de várias maneiras:

1. quem é Deus e o que está Ele fazendo na Sua palavra

2. a humanidade é revelada através do procedimentos de com indivíduos e entidades nacionais

3. como um exemplo especificamente observe a vitória militar de Jossué vinculada ao cumprimento da aliança (cf. 1.7-8; 8.30-35).

C. Muitas vezes as narrativas são encadeadas para fazer uma unidade literária maior que revela uma verdade teológica única

III. Princípios interpretativos das narrativas do AT

A. A melhor discussão que eu tenho visto sobre interpretar narrativas do AT é de Douglas Stuart em How to Read the Bible For All Its Worth [Como Ler a Bíblia Por Todo Seu Valor] pp. 83-84

1. Uma narrativa do AT, em geral, não ensina uma doutrina.

2. Uma narrativa do AT, em geral, ilustra uma doutrina ou doutrina que são apresentadas em uma proposição registrada em outros lugares.

3. Narrativas relembram o que aconteceu—e não necessariamente o que devia ter acontecido ou o que deve acontecer todas as vezes. Portanto, nem todas narrativas têm uma aplicação moral que possa ser identificada.

4. O que as pessoas fazem nas narrativas não necessariamente é um bom exemplo para nós. Muitas vezes, é justamente o oposto.

5. Muitas das personagens das narrativas do AT estão longe de serem perfeitas – do mesmo jeito que suas ações.

6. Nem sempre contamos, no fim de uma narrativa, se o que aconteceu foi bom ou ruim. Esperamos ser capazes de julgar o que aconteceu com base no que Deus nos ensina, de forma direta e categórica, em outros lugares das Escrituras.

7. Todas as narrativas são seletivas e incompletas. Nem todos os detalhes relevantes são sempre apresentados (cf. Jo 21.25). O que se registra na narrativa é tudo aquilo que o autor inspirado pensou ser importante para nós sabermos.

8. As narrativas não são escritas para responder a todas as nossas questões teológicas. Elas têm um propósito particular, específico e limitado, e lidam com certos assuntos, deixando os outros serem trabalhados em outros lugares de outras formas.

9. As narrativas podem tanto de forma explícita (claramente declarando algo) como de forma implícita (deixando algo claramente implícito, sem realmente declará-lo).

10. No final da análise, Deus é o herói de todas as narrativas bíblicas.

B. Uma outra boa discussão sobre interpretar narrativas está em Toward Exegetical Theology [Em Direção à Teologia Exegética] de Walter Kaiser.

"O aspecto único das porções narrativas da Escritura é que o escritor geralmente permite que as palavras e ações das pessoas na sua narrativa expressem a idéia principal de sua mensagem. Assim, em vez de dirigir-se a nós us através de declarações diretas, tal como são encontradas em porções doutrinária ou de ensino da Escritura, o escritor tende a permanecer antes de algum modo no segundo plano no que diz respeito ao ensino direto ou declarações avaliativas. Conseqüentemente, torna-se criticamente importante reconhecer o contexto maior no qual a narrativa se encaixa e perguntar porque o escritor usou a seleção específica dos eventos na seqüência precisa em que ele os colocou. As dicas duplas para o significado agora serão arranjo de episódios e seleção de detalhe de uma confusão de possíveis discursos, pessoas ou episodio. Além disso, a reação divina a e estimativa dessas pessoas e eventos deve ser freqüentemente determinada da maneira que o autor permite uma pessoa ou um grupo de pessoas responder no clímax da seqüência selecionada de eventos; ou seja, se ele não interrompeu a narração para dar sua própria (neste caso, de Deus) estimativa do que aconteceu" (p. 205).

C. Nas narrativas a verdade é encontrada na unidade literária toda e não nos detalhes. Tenha cuidado com texto-prova ou usar narrativas do AT como um precedente para sua vida.

IV. Dois níveis de interpretação

A. Atos redentivos, revelatórios de YHWH para a descendência de Abraão

B. A vontade de YHWH para vida de cada crente (em cada era)

C. O primeiro foca em "conhecer a Deus (salvação); o segundo em servir-Lo (a vida cristã de fé, cf. Rm 15.4; I Co 10.6, 11)