TÓPICO ESPECIAL: LITERATURA APOCALÍPTICA

Apocalipse é um gênero literário notavelmente judaico apocalíptico. Foi muitas vezes usado em épocas cheias de tensão para expressar a convicção de que Deus estava no controle da história e traria libertação para Seu povo. Este tipo de literatura é caracterizado por

1. uma forte sensação da soberania universal de Deus (monoteísmo e determinismo)

2. uma luta entre o bem e o mal, esta era e era por vir (dualismo)

3. uso de palavras-código secretas (geralmente do AT ou literatura apocalíptica judaica intertestamentária)

4. uso de cores, números, animais, às vezes animais/humanos

5. uso de mediação angélica por meio de visões e sonhos, mas geralmente através de mediação angélica

6. foca fundamentalmente no tempo do fim (nova era)

7. uso de um conjunto fixo de símbolos, não realidade, para comunicar a mensagem do tempo do fim

8. Alguns exemplos deste tipo de gênero são:

a. Antigo Testamento

(1) Isaías 24-27, 56-66

(2) Ezequiel 37-48

(3) Daniel 7-12

(4) Joel 2.28-3.21

(5) Zacarias 1-6, 12-14

b. Novo Testamento

(1) Mateus 24, Marcos 13, Lucas 21 e I Coríntios 15 (de algumas maneiras)

(2) II Tessalonicenses 2 (de quase todas as maneiras)

(3) Apocalipse (capítulos 4-22)

c. não-canônico (tirado de D. S. Russel, The Method and Message of Jewish Apocalyptic [O Método e Mensagem do Apocalíptico Judaico], pp. 37-38)

(1) I Enoque, II Enoque (os Segredos de Enoque)

(2) O Livro dos Jubileus

(3) Os Oráculos Sibilinos III, IV, V

(4) O Testamento dos Doze Patriarcas

(5) Os Salmos de Salomão

(6) A Assunção de Moisés

(7) O Martírio de Isaías

(8) O Apocalipse de Moisés (Vida de Adão e Eva)

(9) O Apocalipse de Abraão

(10) O Testamento de Abraão

(11) II Esdras (IV Esdras)

(12) Baruque II, III

9. Há uma sensação de dualidade neste gênero. Vê a realidade como uma série de dualismos, contrastes ou tensões (tão comuns nos escritos de João) entre:

a. céu – terra

b. era má (homens maus e anjos maus) – nova era de justiça (homens piedosos e anjos piedosos)

c. existência atual – existência futura

Todos estes estão se movendo para uma consumação provocada por Deus. Este não é o mundo que Deus pretendia que fosse, mas está continuando a desempenhar, operar e projetar Sua vontade para uma restauração da comunhão íntima iniciada no Jardim do Éden. O evento de Cristo é o momento decisivo do plano de Deus, mas as duas vindas provocaram os dualismos correntes.