TÓPICO ESPECIAL: PROFECIA DO NOVO TESTAMENTO
I. Não é a mesma como a profecia do AT (BDB 611, KB 661; veja Tópico Especial: Profecia do AT), que tinha a conotação rabínica de revelações inspiradas de YHWH (cf. Atos 3.18, 21; Rm 16.26). Somente profetas poderiam escrever a Escritura.
A. Moisés foi chamado de profeta (cf. Dt 18.15-21).
B. Os livros de história (Josué - Reis [exceto Rute] foram chamados "profetas antigos” (cf. Atos 3.24).
C. Os profetas usurpam o lugar do Sumo Sacerdote como a fonte de informação de Deus (cf. Isaías - Malaquias).
D. A segunda divisão do Cânon Hebraico é "os Profetas” (cf. Mt 5.17; 22.40; Lucas 16.16; 24.25, 27; Rm 3.21).
II. No NT o conceito é usado de várias maneiras diferentes.
A. referindo-se aos profetas do AT e sua mensagem inspirada (cf. Mt 2.23; 5.12; 11.13; 13.14; Rm 1.2)
B. referindo-se a uma mensagem para um indivíduo em vez de todo um grupo coletivo (i.e., os profetas do AT falaram primordialmente para Israel)
C. referindo-se tanto a João Batista (cf. Mt 11.9; 14.5; 21.26; Lucas 1.76) quanto a Jesus como proclamadores do Reino de Deus (cf. Mt 13.57; 21.11, 46; Lucas 4.24; 7.16; 13.33; 24.19). Jesus também afirmou ser maior do que os profetas (cf. Mt 11.9; 12.41; Lucas 7.26).
D. Outros profetas do NT
1. princípio da vida de Jesus como registrado no Evangelho de Lucas (i.e., as memórias de Maria)
a. Izabel (cf. Lucas 1.41, 42)
b. Zacarias (cf. Lucas 1.67-79)
c. Simeão (cf. Lucas 2.25-35)
d. Ana (cf. Lucas 2.36)
2. predições irônicas (cf. Caifás, João 11.51)
E. Referindo-se a alguém que proclama o evangelho (as listas dos dons de proclamação em I Co 12.28, 29; Ef 4.11)
F. referindo-se aos dons vigentes na igreja (cf. Mt 23.34; Atos 13.1; 15.32; Rm 12:6; I Co 12.10, 28, 29; 13.2; Ef 4.11). Às vezes isso pode se referir às mulheres (cf. Lucas 2.36; Atos 2.17; 21.9; I Co 11.4, 5).
G. referindo-se ao livro apocalíptico de Apocalipse (cf. Ap 1.3; 22.7, 10, 18, 19)
III. Profetas do NT
A. Eles não tinham revelação inspirada no mesmo sentido dos profetas do AT (i.e., Escrituras). Esta declaração é possível por causa do uso da frase "a fé” (i.e., um sentido de um evangelho completo) usado em Atos 6.7; 13.8; 14.22; Gl 1.23; 3.23; 6.10; Fp 1.27; Judas 3, 20.
Este conceito é claro da frase completa usada em Judas 3, "a fé que de uma vez por todas foi dada aos santos”. No "de uma vez por todas” fé refere-se às verdades, doutrinas, conceitos e ensinos de visão de mundo do cristianismo. Esta ênfase uma vez dada é a base bíblica para limitar teologicamente a inspiração aos escritos do NT e não permitir que posteriores ou outros escritos sejam considerados revelatórios (veja Tópico Especial: Inspiração). Há muitas áreas ambíguas, incertas e cinza no NT (veja Tópico Especial: Literatura Oriental [paradoxos bíblicos]), mas os crentes afirmam pela fé que tudo que é "necessário” para fé e prática está incluído com clareza suficiente no NT. Este conceito foi delineado no que é chamado de "triângulo relatório”.
1. Deus Se revelou na história tempo-espaço (REVELAÇÃO)
2. Ele escolheu certos escritores humanos para documentar e explicar Seus atos (INSPIRAÇÃO)
3. Ele deu Seu Espírito para abrir as mentes e corações dos seres humanos para compreenderem esses escritos, não definitivamente, mas adequadamente para salvação e uma vida cristã eficaz (ILUMINAÇÃO; veja Tópico Especial: Iluminação). O ponto disto é que a inspiração está limitada aos escritores da Escritura. Não há mais escritos, visões ou revelações autorizativos. O cânon está fechado. Nós temos toda a verdade que nós precisamos para responder adequadamente a Deus. Esta verdade é vista na conformidade dos escritores bíblicos versus o desacordo de crentes sinceros, piedosos. Nenhum escritor ou conferencista moderno tem o nível de liderança divina que os escritores da Escritura tiveram.
B. De algumas maneiras os profetas do NT são similares aos profetas do AT.
1. predição de eventos futuros (cf. Paulo, Atos 27.22; Ágabo, Atos 11.27, 28; 21.10, 11; outros profetas não identificados, Atos 20.23)
2. proclamam de juízo (cf. Paulo, Atos 13.11; 28.25-28)
3. atos simbólicos que retratam vividamente um evento (cf. Ágabo em Atos 21.11)
C. Eles proclamam as verdades do evangelho às vezes de maneiras preditivas (cf. Atos 11.27, 28; 20.23; 21.10, 11), mas este não é o foco primordial. Profetizar em I Coríntios é basicamente comunicar o evangelho (cf. 14.24, 39).
D. Eles são o meio contemporânea do Espírito de revelar a mensagem contemporânea e aplicações práticas da verdade de Deus para cada nova situação, cultura ou período de tempo (cf. I Co 14.3).
E. Eles estavam ativos nas primeiras igrejas paulinas (cf. I Co 11.4, 5; 12.8, 29; 13.2, 8, 9; 14.1, 3, 4, 5, 6, 22, 24, 29, 31, 32, 37, 39; Ef 2.20; 3.5; 4.11; I Ts 5.20) e são mencionados no Didaquê (escrito no fim do primeiro século ou no segundo século, data incerta) e no Montanismo do segundo e terceiro séculos no norte da África.
IV. Os dons do NT cessaram?
A. Esta é uma pergunta difícil de responder. Ajuda a clarificar a questão definindo o propósito dos dons. Eles são um meio de confirmar a pregação inicial do evangelho ou eles são maneiras continuas para a igreja ministrar para si mesma e para um mundo perdido?
B. Alguém olha a história da igreja para responder a questão ou para o NT mesmo? Não há indicação no NT de que os dons espirituais eram temporários. Aqueles que tentam usar I Co 13.8-13 para dirigir a esta questão abusam da intenção autoral da passagem, que afirma que tudo exceto o amor passará.
C. Eu sou tentado a dizer que visto que o NT, não a história da igreja, é a autoridade, os crentes devem afirmar que os dons continuam. Contudo, eu acredito que a cultura afeta a interpretação. Alguns textos muito claros não são mais aplicáveis (i.e., o beijo santo, mulheres usando véus, igrejas se reunindo nas casas, etc). Se a cultura afeta os textos, então por que não a história da igreja?
D. Isto é simplesmente uma questão que não pode ser respondida definitivamente. Alguns crentes defenderão a "cessação” e outros a "não-cessação”. Nesta área, como em muitas questões interpretativas, o coração do crente é a chave. O NT é ambíguo e cultural. A dificuldade é ser capaz de decidir quais textos são afetados pela cultura/história e quais são para todo tempo e culturas (cf. Entendes o Que Lês?, pp. 24-27 e 98-107). Aqui é onde a discussão da liberdade e responsabilidade, que são encontradas em Rm 14.1-15.13 e I Co 8-10, são cruciais. Como respondemos a questão é importante de duas maneiras.
1. Cada crente deve andar em fé na luz que eles têm. Deus olha nosso coração e motivos.
2. Cada crente deve permitir que outros crentes andem na compreensão de fé deles. Deve haver tolerância dentro dos limites bíblicos. Deus quer que nós nos amemos uns aos outros assim como Ele ama.
E. Para resumir a questão, o cristianismo é uma vida de fé e amor, não uma teologia perfeita. Um relacionamento com Ele que impacta nosso relacionamento com os outros é mais importante do que uma informação definitiva ou um perfeição de credo.
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