TÓPICO ESPECIAL: QUAL É O PECADO PARA MORTE? (I João)
A. Considerações hermenêuticas
1. a identificação adequada deve estar relacionada com o cenário
histórico de I João
a. a presença dos falsos mestres gnósticos (veja Tópico Especial: Gnosticismo) nas igrejas (cf. I João 2.19, 26; 3.7; II João 7)
(1) os gnósticos "cerintianos” ensinavam que o homem Jesus recebeu
o espírito de Cristo no seu batismo e que o espírito de Cristo partiu antes de
sua morte na cruz (cf. I João 5.6-8)
(2) os gnósticos docetas ensinavam que Jesus era um espírito divino, não
um verdadeiro ser humano (cf. I João 1.1-3)
(3) o gnosticismo revelado nos escritos do segundo século refletia duas
visões diferentes sobre o corpo humano
(a) visto que a salvação era uma verdade revelada à mente, o corpo
humano era irrelevante ao terreno espiritual. Portanto, o que quer que ele
desejasse ele poderia ter. Esses são freqüentemente referidos como gnósticos
antimonianos ou libertinos.
(b) O outro grupo concluía que visto que o corpo era inerentemente mau
(i.e., pensamento grego), qualquer desejo corporal deveria ser evitado. Esses
são chamados gnósticos ascéticos.
b. esses falsos mestres tinham deixado a igreja (cf. 2.19), mas sua influência
não tinha!
2. a identificação adequada deve estar relacionada com o contexto
literário do livro todo
a. I João foi escrito para combater o falso ensino assegurar os
verdadeiros crentes
b. esses dois propósitos podem ser vistos nos testes dos verdadeiros
crentes
(1) doutrinário
(a) Jesus era verdadeiramente humano (cf. I João 1.1-3; 4.14)
(b) Jesus era verdadeiramente Deus (cf. I João 1.2; 5.20)
(c) os seres humanos são pecadores e responsáveis a um Deus santo (cf. I
João 1.6, 10)
(d) os seres humanos também são perdoados e tornados justos com Deus por
i. morte de Jesus (cf. I João 1.7; 2.1, 2; 3.16; 4.9, 10, 14; 5.6-8)
ii. fé em Jesus (cf. I João 1.9; 3.23; 4.15; 5.1, 4, 5, 10-12, 13)
(2) prático (positivo)
(a) estilo de vida de obediência (cf. I João 2.3-5; 3.22, 24; 5.2, 3)
(b) estilo de vida de amor (cf. I João 2.10; 3.11, 14, 18, 23; 4.7, 11,
12, 16-18, 21)
(c) estilo de vida de semelhança a Cristo (não peque, cf. I João 1.7;
2.6, 29; 3.6-9; 5.18)
(d) estilo de vida de vitória sobre o mal (cf. I João 2.13, 14; 4.4;
5.4)
(e) Sua palavra permanece neles (cf. I João 1.10; 2.14)
(f) eles têm o Espírito (cf. I João 3.24; 4.4-6, 13)
(g) oração respondida (cf. I João 5.14, 15)
(3) prático (negativo)
(a) estilo de vida de pecado (cf. I João 3.8-10)
(b) estilo de vida de ódio (cf. I João 2.9, 11; 3.15; 4.10)
(c) estilo de vida de desobediência (cf. I João 2.4; 3.4)
(d) amam o mundo (cf. I João 2.15, 16)
(e) negam a Cristo (negam o Pai e o Filho, cf. I João 2.22, 23; 4.2, 3;
5.10-12)
3. a identificação adequada deve estar ligada aos itens específicos no
texto relevante (cf. I João 5.16, 17)
a. o termo "irmão” do v. 16 relaciona-se tanto com aqueles que
cometem um pecado que não leva à morte quanto com aqueles que cometem um pecado
que leva à morte?
b. os ofensores foram uma vez membros da igreja (cf. I João 2.19)?
c. qual é a significância textual de:
(1) não há ARTIGO com "pecado”?
(2) o verbo "vê” como uma CONDICIONAL DE TERCEIRA CLASSE com o
SUBJUNTIVO AORISTO ATIVO?
d. como as orações de um cristão (cf. Tiago 5.15, 16) podem restaurar a
vida eterna "zōē” para um outro sem o arrependimento pessoal do
pecador?
e. como o I João 5.17 se relaciona com os tipos de pecado (para morte,
não para morte)?
B. Problemas teológicos
1. deveria um intérprete tentar ligar este texto com
a. o pecado "imperdoável" dos Evangelhos (veja Tópico Especial: Pecado Imperdoável)
b. o pecado "uma fez fora” de Hebreus 6 e 10
O contexto de I João não parece paralelo ao pecado imperdoável dos fariseus na época de Jesus (cf. Mt 12.22-37; Marcos 3.2-29) assim como os judeus incrédulos de Hebreus 6 e 10. Todos os três grupos (fariseus, judeus incrédulos e falsos mestres gnósticos) ouviram o evangelho claramente, mas recusaram confiar em Jesus Cristo.
2. deveriam as questões denominacionais modernas ser uma rede teológica
para ver este texto? O evangelicalismo tem super-enfatizado o início da
experiência cristã e negligenciado as evidências do estilo de vida contínuo de
fé verdadeira. Nossas questões teológicas modernas teriam chocado os cristãos
do primeiro século. Nós queremos "certeza” baseada em "textos-prova”
bíblicos selecionados e em nossas deduções lógicas ou inclinações denominações.
Nossas questões, redes e peculiaridades teológicas refletem nossas próprias inseguranças. Nós queremos mais informação e esclarecimento do que a Bíblia fornece, assim nossas teologias pegam alguns pequenos pedaços de Escritura e tecem enormes teias de doutrinas lógicas, ocidentais lógicas!
A palavras de Jesus em Mateus 7 e Marcos 7 eram adequadas para a igreja primitiva! Jesus procura discípulos, não decisões, fé de estilo de vida a longo prazo, não fé emocional a curto prazo (cf. Mt 13.10-23; João 8.31-59). O cristianismo não é ato passado isolado, mas um arrependimento, fé, obediência e perseverança contínuas. O cristianismo não é uma passagem para o céu comprada no passado, nem uma política de seguro contra incêndio tirado para proteger alguém de um estilo de vida de egoísta, ímpio! Veja Tópico Especial: Apostasia.
3. O pecado para morte refere-se à morte física ou morte eterna? O uso de João de zōē neste contexto implica que o contraste refere-se à morte eterna. É possível que Deus leva para casa (morte física) filhos que pecam? A implicação deste contexto é que (1) as orações de crentes companheiros e (2) o arrependimento pessoal do ofensor combinam para restaurar os crentes, mas se eles continuam num estilo de vida que traz reprovação sobre a comunidade crente, então o resultado pode ser um "finalmente” ou partida física precoce desta vida (cf. When Critics Ask [Quando os Críticos Perguntam] de Norman Geisler and Thomas Howe, p. 541]
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